A primeira vez que assisti a “Crash – No Limite” talvez tenha sido no primeiro ano de faculdade. Não lembro, porém, se fui ao cinema ou se já estava no DVD. Seja como for, eu sei que no mesmo ano (ou no ano seguinte) – minha memória anda tal qual a de Dori do “Procurando Nemo”, outro ótimo filme! – assisti novamente ao filme, mais de uma vez, para análise cultural na faculdade.
Temos a tendência de achar que tudo que fazemos análise perde a graça ou a mágica. Isso não é sempre verdade. Eu tenho uma amiga queridíssima que está fazendo análise e agora está cada vez mais fácil entendê-la, dentro de sua loucura... Enfim, piadas (fraquíssimas) à parte, continuando o assunto. Analisamos o filme por diversas óticas, basicamente culturais e lingüísticas.
A primeira vez que assisti a essa obra prima fiquei bastante emocionado, diria. Principalmente com o final. Não só com o final em si, mas com a forma que ele desenrola a história (ou talvez enrole ainda mais...)
É um filme que traz diversas histórias e emoções entrelaçadas. A Sandra Bullock (que, fora do normal, não é a personagem principal, visto que não há principais) é rica e mimada, casada com Brendan Fraser (o cara da Múmia e do George o Rei da Floresta), na Califórnia. Ele vive reclamando de tudo e desconfiando de todos. Há inclusive uma cena em que ela olha torto para o rapaz que está trocando a fechadura de sua casa e ele percebe, mas não fala nada.
Saindo de um evento, que já não lembro exatamente o que era, eles tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. Esses dois rapazes, por sua vez, têm ligações com outros personagens, como um veterano policial racista (Matt Dillon, em papel excelente), um detetive negro (Don Cheadle, do fantástico filme “Hotel em Ruanda”) e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha. O "Crash" do título faz alusão ao fatos das personagens (e das pessoas em geral) se encontrarem por acaso, mas sempre se cruzarem.
Uma curiosidade é que, na época, e até bem pouco tempo atrás, na verdade, eu conversava pela internet com uma moça iraniana, residente em Londres (cheguei até a encontrá-la, quando viajei pra lá). Seu nome é Fereshteh Ahamad. E ela, super tímida, nunca me disse o que significava seu nome. Eu descobri no filme, pois há uma cena em que o imigrante iraniano chama a filha de Fereshteh, que significa “Anjo”. Contei essa história pra ela, que deu risada, dizendo: “Tá vendo porque eu não queria te contar”?
O bom desse filme é que ele é extremamente verdadeiro. Não tenta esconder a realidade americana, como fazem todos os salvadores do mundo, como o Governator, o Will Smith e o Bruce Willis.
De qualquer jeito, o filme é maravilhoso e sua trilha sonora também. Há uma junção de cenas, talvez uma das coisas mais bonitas que eu já tenha visto no cinema, em que vários personagens fazem várias coisas (não quero contar muito para não estragar) ao som dessa música, que fica em nossa cabeça. A cantora, Bird York é também atriz, tendo participado de séries como “House”, “Nip/Tuck” e “CSI”.
Eu queria ser capaz de colocar em palavras tudo que se pode dizer sobre esse filme. Mas não posso, então só digo. Assistam!
PS: Devo agradecer à Miriam, minha amiga coralista, que me pediu que falasse desse filme. Aí está!