segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Crash - No Limite", (Estados Unidos, 2005)


A primeira vez que assisti a “Crash – No Limite” talvez tenha sido no primeiro ano de faculdade. Não lembro, porém, se fui ao cinema ou se já estava no DVD. Seja como for, eu sei que no mesmo ano (ou no ano seguinte) – minha memória anda tal qual a de Dori do “Procurando Nemo”, outro ótimo filme! – assisti novamente ao filme, mais de uma vez, para análise cultural na faculdade.


Temos a tendência de achar que tudo que fazemos análise perde a graça ou a mágica. Isso não é sempre verdade. Eu tenho uma amiga queridíssima que está fazendo análise e agora está cada vez mais fácil entendê-la, dentro de sua loucura... Enfim, piadas (fraquíssimas) à parte, continuando o assunto. Analisamos o filme por diversas óticas, basicamente culturais e lingüísticas.


A primeira vez que assisti a essa obra prima fiquei bastante emocionado, diria. Principalmente com o final. Não só com o final em si, mas com a forma que ele desenrola a história (ou talvez enrole ainda mais...)


É um filme que traz diversas histórias e emoções entrelaçadas. A Sandra Bullock (que, fora do normal, não é a personagem principal, visto que não há principais) é rica e mimada, casada com Brendan Fraser (o cara da Múmia e do George o Rei da Floresta), na Califórnia. Ele vive reclamando de tudo e desconfiando de todos. Há inclusive uma cena em que ela olha torto para o rapaz que está trocando a fechadura de sua casa e ele percebe, mas não fala nada.


Saindo de um evento, que já não lembro exatamente o que era, eles tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. Esses dois rapazes, por sua vez, têm ligações com outros personagens, como um veterano policial racista (Matt Dillon, em papel excelente), um detetive negro (Don Cheadle, do fantástico filme “Hotel em Ruanda”) e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha. O "Crash" do título faz alusão ao fatos das personagens (e das pessoas em geral) se encontrarem por acaso, mas sempre se cruzarem.


Uma curiosidade é que, na época, e até bem pouco tempo atrás, na verdade, eu conversava pela internet com uma moça iraniana, residente em Londres (cheguei até a encontrá-la, quando viajei pra lá). Seu nome é Fereshteh Ahamad. E ela, super tímida, nunca me disse o que significava seu nome. Eu descobri no filme, pois há uma cena em que o imigrante iraniano chama a filha de Fereshteh, que significa “Anjo”. Contei essa história pra ela, que deu risada, dizendo: “Tá vendo porque eu não queria te contar”?


O bom desse filme é que ele é extremamente verdadeiro. Não tenta esconder a realidade americana, como fazem todos os salvadores do mundo, como o Governator, o Will Smith e o Bruce Willis.


De qualquer jeito, o filme é maravilhoso e sua trilha sonora também. Há uma junção de cenas, talvez uma das coisas mais bonitas que eu já tenha visto no cinema, em que vários personagens fazem várias coisas (não quero contar muito para não estragar) ao som dessa música, que fica em nossa cabeça. A cantora, Bird York é também atriz, tendo participado de séries como “House”, “Nip/Tuck” e “CSI”.


Eu queria ser capaz de colocar em palavras tudo que se pode dizer sobre esse filme. Mas não posso, então só digo. Assistam!


PS: Devo agradecer à Miriam, minha amiga coralista, que me pediu que falasse desse filme. Aí está!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Ella and Louis" - Ella Fitzgerald and Louis Armstrong - 1956

Ella and Louis é simplesmente um exemplo de disco perfeito. Não há nenhuma nota fora de lugar – nem do trompete de Louis e nem da voz em scat de Ella – nenhuma canção fora de tom. Perfeito.


Devo confessar que eu não sou muito fã de jazz. Para ouvir longos solos em que só os instrumentistas parecem estar se divertindo, prefiro ouvir rock progressivo. Porém, esse disco sempre esteve no senso comum de minha família, tanto que o escuto desde muito tempo. Já sei as músicas decoradas, inclusive os agudos de Ella e os graves de Louis.


Lançado em 1956, com participação do quarteto de Oscar Peterson, traz canções dos irmãos Gershwin, de Irving Berling, Hoagy Carmichael, entre outros. O album faz parte de uma trilogia gravada pelos dois entre os anos de 1956 e 1958 – sendo seguido de “Ella and Louis Again” e “Porgy and Bess”, também dois maravilhosos discos.


Pois é. Quando eu digo que não gosto muito de jazz, é verdade, porém eu adoro esse três encontros! Experimente ouvi-los bem acompanhado/a e com uma boa taça de vinho. Você vai ver os milagres que eles fazem!


AQUI está uma pequena amostra da mágica! Uma de minhas favoritas, "Under a Blanket of Blue"


"Post" - Björk - 1995

Como muitos que me conhecem sabem, eu sou um rato de sebo. Explico: sebos são locais em que sãos vendidos materiais usados, como livros, discos, CDs, gibis e coisas assim. Existem sebos bons, que tratam bem do livro, lavam os CDs, arrumam os gibis; e existem sebos ruins que não fazem nada disso. Eu já achei coisas ótimas em sebos pagando quantias inimagináveis para o bem ou para o mal (ou seja, muito baratas ou muito caras).


Pois bem. Eis que estava eu garimpando em um dos sebos de Campinas-SP, quando vi que havia uma caixa de CDs a preços destruidores como dois reais, cinco reais, oito reais. Originais, para deixar bem claro, porque eu não compro coisas piratas, me recuso.


E achei um cd dessa tal Björk. Ela não era uma total desconhecida, pois é famosa no meio musical por sua excentricidade e roupas espalhafatosas, e eu, que estou sempre antenado, já tinha ouvido uma história ou duas sobre sua pessoa. Comprei o tal cd, “Post”, junto com outros que vim a descobrir serem muito menos interessantes que esse. Coloquei no rádio do carro e torci pra que não tivesse gastado meu dinheiro em vão.


A primeira música - "Army of Me" - abre com uma bateria forte eletrônica e guitarras, coisa meio impensada para mim e a letra diz “Se você reclamar uma vez mais/você vai encontrar um exército de mim”. E eu pensei então: “uau”. Gostei da força da canção e continuei a ouvi-la. Foi, porém, na quarta música, que deu-se a mágica. “It’s Oh So Quiet” é de um musical antigo que Björk repaginou e ficou muito legal. A partir daí eu sabia que tinha sido fisgado. Saí procurando tudo que podia sobre ela, comprei os CDs que achei pelos sebos da cidade e fiz uma mini-coleção. Assisti ao filme que ela fez, “Dançando no Escuro”, dirigido por Lars Von Trier, e adorei (o filme merecerá um texto mais pra frente).


Não é fácil de gostar de cara, pois ela é sim vanguardista e inovadora. Demora um pouco. Até que se dá clique. Björk (que é da Islândia) é aquele tipo de artista que se ama ou se odeia. Eu fico feliz em dizer que a amo! Fora o fato de ela ser extremamente fofa em entrevistas!


Apesar de parecer novinha (pelo rosto e também pela voz), Björk já tem quarenta e três anos e também tem fortes posições políticas. Foi extremamente criticada em 2008 por ter sussurrado “Tibet, Tibet, Tibet”, em uma apresentação na China, durante a canção “Declare Independence”. Eu particularmente achei super corajoso da parte dela.


Enfim, escutem e me contem o que acharam! Sigam o link de uma de minhas músicas favoritas e com um clipe ótimo aqui!

domingo, 22 de novembro de 2009

"2012" - (Estados Unidos, 2009)

Imagine um filme catástrofe. Agora imagine um filme catástrofe em que os Estados Unidos são destruídos. Fácil, não é? Bem, agora imagine um filme catástrofe em que tudo é destruído, inclusive o nosso querido Cristo Redentor. Imaginou? Pois é. Você não viu nada.


"2012" fala sobre a profecia Maia de que o mundo acabará em 2012, também usando o argumento de isso também ter sido dito por Nostradamus, o médico francês famoso por suas profecias. Um pouco de história e mitologia, misturadas ao fato de que o centro da Terra está esquentando a cada dia, tornando-se um forno de microondas prestes a explodir, faz a pretensa atmosfera realista do filme.


Tudo isso é desculpa para muita destruição, muitos efeitos especiais e cenas inimagináveis, como a queda do Cristo Redentor sobre um imenso grupo de cariocas desesperados.


O filme é uma ótima diversão. Eu fiquei realmente maravilhado com os efeitos e estou até agora pensando como eles conseguiram fazer várias das cenas do filme. Ele é também interessante – falando aqui de profecias – por ter previsto um presidente americano negro (Danny Glover), antes de Obama chegar ao poder.


Ótima diversão, não espere nada demais, somente carros sendo destroçados, pessoas enlouquecidas, aviões caindo e coisas assim. Para ver com pipoca, claro!


Um filme recomendado por Conselho Vendido!

"Deixa Ela Entrar" - (Suécia, 2007)

Se alguém chegasse para você e lhe convidasse para assistir um filme sueco, o que você diria? A minha primeira reação foi, confesso, um tanto quanto ignorante: “nossa, nunca pensei que tem gente fazendo filmes na Suécia...”. É óbvio que fazem. Se são bons ou não, é outra conversa. Pois bem, resolvi ir. O filme escolhido foi “Deixa Ela Entrar”, dirigido por Tomas Alfredson e com roteiro de John Ajvide Lindqvist, lançado em 2007, mas que só chegou ao Brasil esse ano. Eu adorei!


O filme conta a história do garoto Oskar que, maltrado por colegas de escola, está sempre sozinho, brincando sozinho, pensando sozinho, fazendo tudo sozinho. Até o dia em que ele vê duas pessoas se mudarem para um dos apartamentos de seu prédio, um senhor e uma menina – mais ou menos da idade de Oskar, entre 12 e 14 – presumivelmente pai e filha. Tudo vai normal, mas quando a menina começa a ir ao playground em frente ao prédio na mesma hora que ele – diga-se de passagem, de madrugada e em um frio de rachar – ele começa a ficar incomodado, já que ela não conversa muito, tem hábitos estranhos e nunca é vista de dia.


Neste momento, você, cinéfilo voraz e leitor mais que esperto, já percebeu que há algo errado com a garota. Sim, é um filme sobre vampiros.


Não pense você, caro leitor, que fui jogado à moda “Crepúsculo”, pelo contrário, gosto de histórias de vampiros desde muito tempo, muito antes dessa estranha onda de vampirismo-pop que esta série trouxe. “Deixa Ela Entrar” é um filme sobre vampiros, sim, mas é, talvez principalmente, sobre amizade, dificuldades na adolescência e o quanto precisamos de ajuda em certos momentos da nossa vida.


As atuações são excelentes, principalmente dos dois meninos que levam boa parte da história nas costas e o fazem com maestria, apesar de muito jovens.


Um filme recomendado por Conselho Vendido!


PS: OS POSTS SOBRE FILMES CONTÉM, SEMPRE QUE POSSÍVEL, UM LINK PARA O TRAILER.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A ascensão de uma estrela?

Susan Boyle. Certamente no dia de hoje muitos de vocês, senão todos, já devem ter ouvido e visto a escocesa Susan Boyle, que deixou os jurados do programa "Britain's Got Talent" de queixo caído. A história é simples. O programa é uma imensa competição para saber que será o novo ídolo britânico (da mesma forma como funciona nos EUA, Brasil e em vários outros países). Algumas pessoas são muito ruins e acabam servindo para a diversão sádica da platéia em ver a uma pessoa pode se submeter para conseguir a fama.
Piers, um dos jurados, deixa sempre bem claro que o vencedor da competição terá de se apresentar frente à Rainha da Inglaterra, autoridade máxima do Reino Unido, o que, obviamente, sempre deixa os candidatos bastante apreensivos. Mas não Susan.
Solteira, desempregada, "nunca-beijada", entre outros adjetivos, Susan Boyle invade o palco, com sua calma sertaneja, esperando ser tão reconhecida quanto Elaine Paige, a grande Dama dos musicais ingleses.
O cinismo reina na platéia, afinal, Susan não só é considerada esnobe, como também não é um modelo de beleza. Pois é. "Nunca julgue um livro pela sua capa", diz o ditado. E é exatamente o que acontece. A partir do momento em que Susan começa a cantar a belíssima canção "I Dreamed a Dream", do musical "Les Miserables", baseado na obra-prima de Victor Hugo, centenas de queixos (inclusive os dos juízes) caem, estatelados ao chão. Susan é um primor.
Dona de uma voz marcante e forte, Susan canta a música completa, algo que não é tão comum nesse tipo de competição, deixando a todos (e a si própria) extasiados. Recebe os três "Sim" para ir para a próxima fase e mergulha, sem respirar, no estrelato.
O vídeo com a canção de Susan Boyle foi visto por mais de um milhão de pessoas, em pouco mais de uma semana. Para termos uma idéia, o discurso do presidente Barack Obama foi assistido por dezoito mil pessoas.
Susan de fato tem uma boa voz, é afinada, sua força dramática é bastante perceptível. É claro é necessário trabalhar sua técnica vocal, sua respiração, para que ela possa ficar cada vez melhor.

Apesar de tudo isso, duas coisas estão me incomodando nessa história toda. Primeiro, a rapidez com que Susan foi lançada ao estrelato mundial. Isso é perigoso para qualquer pessoa, pois ela pode achar que agora pode tudo. Ela está no topo, na "crista da onda". E não é verdade. A mídia é muito traiçoeira e decidirá por quanto tempo ela merece ficar nesse topo.
Ano passado, o mundo acompanhou uma história parecida com a de Susan de um ex-vendedor de celulares chamado Paul Potts, que foi alçado à fama rápida, por também participar do mesmo programa e cantar a ária "Nessum Dorma", da ópera "Turandot", de Puccini, imortalizada na voz do eterno Luciano Pavarotti. - Hoje já ninguém mais fala dele, apesar de saber que ele está fazendo shows e preparando novo cd.

Outra coisa que também me incomoda é dizerem que Susan Boyle é melhor que Elaine Paige. Isso é exagero e errado. Elaine Paige é uma das maiores atrizes inglesas, hoje com sessenta e um anos, tendo participado de diversos musicais, entre eles: "Piaf", "Les Miserables", "Evita", "Sunset Boulevard", "Chess", "Billy" e muitos outros. Ela tem quarenta anos de carreira, milhares de fãs, milhares de personagens. Para mim, é o mesmo que aparecer um cara que se diz espelhar em Renato Russo e todos começarem a dizer que ele é melhor que Russo. Acho uma falta de respeito e ignorância da trajetória da Diva. Susan Boyle é uma boa cantora? É. Tem tudo pra dar certo? Tem. Mas calma. Ela não precisa que destruamos a imagem de sua ídola. A própria Boyle ficaria chateada se soubesse disso, imagino eu.

Elaine Paige, do alto de sua grandeza (eu digo grandeza espiritual, porque ela podia muito bem retrucar ironicamente), ofereceu a chance para Boyle gravar um dueto com ela. Agora é esperar para ver. Espero que a fama não tenha subido à cabeça de Susan e que ela continue como é: humilde.

Conselho Vendido - Porque se fosse dado, ninguém ouvia!

Bom, alguns de vocês estão aqui por conhecerem a minha produção musical (exemplos podem ser vistos no meu myspace - http://www.myspace.com/ricardomaciel86); outros por conhecerem a minha produção literária (que também tem seu espaço na internet no site http://ziggystardust72.blogspot.com/); alguns outros de vocês devem estar aqui apenas por me conhecerem pessoalmente e por ter cedido à minha súplica de entrar neste novo espaço.

A todos vocês, agradeço e espero que esses textos possam lhes ajudar a conhecer e talvez acolher novas idéias. Meu intuito nesse blog é fazer pequenos textos de opinião sobre livros, discos, filmes e/ou fatos do cotidiano que tenham me chamado a atenção e que mereçam ser retomados.

Além disso, esse espaço vai me ajudar a fluir as milhares de idéias que passam pela minha cabeça quando vejo um filme ou escuto um disco ou leio um livro ou tomo conhecimento de fatos cotidianos bons ou ruins... (é a minha necessidade louca de escrever sempre falando mais alto). Como eu escrevo, estou vendo com é estar do outro lado, sendo crítico.

O nome do blog vem do antigo ditado: "Se conselho fosse bom, seria vendido". Então, estou aqui vendendo meus conselhos culturais. Não, não. Não se preocupe. É só o nome do blog, mas claro que se você quiser me dar quantias consideráveis em dinheiro, eu também não vou desprezar.

O espaço está aberto para questões, sugestões, pedidos de análise, o que vocês quiserem.

Espero que vocês se divirtam!